Desde quando existe tratamento cirúrgico para este problema?
Nas décadas de 1920 e 1930 foram publicados os primeiros trabalhos clínico- cirúrgicos sobre a simpatectomia, que era realizada por meio de grandes incisões para tratamento, primordialmente, de problemas circulatórios nas extremidades.
Apenas recentemente, a partir de 1992, com a evolução das técnicas de vídeo- cirurgia, é que se desenvolveu um procedimento efetivo, minimamente invasivo, com maior precisão anatômica, cosmeticamente aceitável e associado a baixo índice de complicações. O tratamento cirúrgico da hiperidrose envolve a retirada ou a destruição de uma porção mínima, mas específica, da cadeia simpática localizada dentro do tórax.
Que tipo de anestesia e qual a técnica cirúrgica utilizada?
A operação é realizada com anestesia geral e intubação simples ou seletiva dos pulmões. Dois instrumentos endoscópicos, do diâmetro aproximado de um lápis (0,5 cm) são introduzidos na cavidade pleural através de dois pequenos orifícios. Por um deles introduz-se uma óptica acoplada a uma minicâmera de televisão que mostra com muito mais nitidez, iluminação e precisão as estruturas a serem operadas. Pelo outro são introduzidos os instrumentos cirúrgicos necessários para se realizar a operação. A cadeia simpática, que fica sobreposta às costelas, ao lado da coluna, é identificada. A “porção alvo” da cadeia é então ressecada, ou termocoagulada com bisturi elétrico, ou ultra-sônico. Para correção da hiperidrose/rubor da face aborda-se a porção denominada de “Gânglio-T2”. No caso das mãos o “Ganglio-T3”. Quando a hiperidrose é palmar associada a axilar de mesma intensidade ou para o tratamento da axilar pura o ponto alvo é o “Gânglio-T4”. Em nosso Serviço temos utilizado a técnica de seccionar e coagular a cadeia simpática nos níveis referidos, utilizando-se o bisturi ultra-sônico.
Sempre serão duas pequenas incisões de cada lado?
Em 99% dos casos sim, mas ocasionalmente, uma terceira incisão de 0,5 cm pode ser necessária nos casos de hiperidrose axilar, para afastar adequadamente o pulmão. Outras possibilidades para a necessidade da realização de uma terceira incisão seriam: extensas aderências pleurais, dificuldades na identificação da cadeia simpática ou a necessidade do uso de “clips” para ligadura de vasos intratorácicos.
Os dois lados são operados ao mesmo tempo e quanto tempo dura este procedimento?
Ambos os lados são operados na mesma sessão cirúrgica. Os procedimentos duram cerca de 40 minutos (20 para cada lado). Ao final da operação os pulmões são completamente expandidos, o ar presente na cavidade pleural é aspirado e o dreno torácico retirado. Em algumas raras circunstâncias é necessário manter o dreno torácico por algumas horas ou dias, até que possa ser retirado. Extensas aderências entre a pleura e o pulmão constituem-se na maior indicação da manutenção da drenagem pleural. Este fato ocorreu em menos de 0,5% da nossa casuística, enquanto que na literatura internacional tem sido referido em menos de 1% dos casos. Poucas horas após a operação realiza-se uma radiografia do tórax para assegurar-se da completa expansão dos pulmões.
Quanto tempo leva para o efeito da cirurgia acontecer?
O efeito da cirurgia é imediato e evidente. Ao despertar da anestesia, as mãos, axilas ou face apresentam-se quentes e secas. A melhora sobre o rubor facial será observada naquelas situações estressantes que previamente causavam tal efeito. Durante as primeiras semanas ou meses após a operação, os pacientes poderão apresentar sensação de formigamento, que costumava preceder o suor e o rubor, mas sem que estes se manifestem. Novamente atenção: Ocasionalmente, entre o 3o e o 5o dia de pós-operatório o paciente poderá suar com a mesma intensidade de antes da operação; este evento é transitório, ocorre em 15 a 25 % dos nossos pacientes e durando no máximo até 24 horas.
Qual e a taxa de sucesso desta cirurgia?
Nenhum procedimento cirúrgico tem uma taxa de sucesso de 100%, mas o acompanhamento prolongado de nossos pacientes indica que 97% a 99% deles experimentaram alívio do suor nas mãos; 90% a 95% apresentaram alívio do suor axilar e facial; e 90% a 92% tiveram alívio do rubor facial. A taquicardia do “pavor de palco", isto é, a ocorrência de palpitações no peito e de “nervosismo” em situações estressantes como se apresentar em público, por exemplo, também foram consideravelmente reduzidas após a operação.